Mansour Youssef Challita

CHALLITA, Mansour Youssef (1919, Colômbia – 2013, Rio de Janeiro), diplomata, arabista, tradutor, escritor, jornalista, advogado, bacharel em letras e filosofia.

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Filho de pais libaneses, Youssef e Adèle Challita, Mansour Challita nasceu na Colombia, mas com um ano de idade voltou para o Líbano.

Graduou-se pela Universidade Jesuíta São José, em Beirute, no curso de Bacharelado em Letras – Árabe/Francês – e em Filosofias árabe e francesa. Formou-se, também, em Direito (Estados Unidos) e em Jornalismo (França).

Atuou, em Beirute, na área de Direito e Jornalismo de 1948 a 1958.

Em finais dos anos 1950, a convite do ministro plenipotenciário do Líbano no Brasil, desloca-se ao Rio de Janeiro, com o objectivo de fundar um jornal em língua árabe destinado à comunidade árabe local, porém o projecto não foi adiante.

Em 1960, ao aceitar o convite da Liga dos Estados Árabes para representar a Organização na missão brasileira, retorna ao Brasil como Embaixador, destacando-se em várias atividades em prol da divulgação e aproximação cada vez maior entre as culturas árabe e brasileira, até 1967

Retornou ao Líbano, em 1967, para atuar no Conselho Nacional de Turismo, até que, três anos depois (1970), recebeu um novo convite da Liga dos Estados Árabes para representá-la no Brasil. Quando, em 1975, as missões diplomáticas foram transferidas para Brasília, nova capital do país, Mansour Chalita declina do cargo e funda, no Rio de Janeiro, a Associação Cultural Internacional Gibran (ACIGI), passando a se dedicar ativamente ao trabalho cultural. Escreveu artigos para jornais, participou de debates e conferências, traduziu e escreveu diversos livros.

Intelectual nato, Challita escrevia (em inglês, francês e árabe) desde os dezoito anos, quando ainda vivia no Líbano. No Brasil, também, passou a escrever, em português, para jornais de grande circulação: Jornal do Brasil, O Globo e Correio da Manhã dentre outros. Escreveu sobre temas variados como cultura árabe, problemas internos do Brasil, os conflitos no Oriente Médio, encorajando o desenvolvimento das relações entre o Brasil e o Mundo Árabe em três áreas: política, economia e cultura.

Disponibilizou para os falantes do português as mais importantes obras da literatura árabe ao traduzir o “Alcorão”, “As Mil e Uma Noites” e “Calila e Dimna”. Difundiu entre os brasileiros o amor pela obra de Gibran Khalil Gibran, de quem traduziu dezesseis livros. Publicou diversas antologias, incluindo, “Os mais belos pensamentos de todos os tempos”, “As mais belas páginas da literatura árabe”, “As mais belas páginas da literatura libanesa”, “Todo Gibran”, “Literatura árabe, fonte de beleza e sabedoria”. Foi ainda autor de “Charbel, milagres no século XX”, “O Alcorão ao alcance de todos”, “Amor e vida na obra de Gibran”, “Esse desconhecido Oriente Médio”.

Foram ao todo cinquenta e sete obras em português, quatro em francês e uma em inglês.

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Em 14 de abril de 1966, o presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo de Athayde, concedeu-lhe o prêmio “Machado de Assis” por seus esforços na divulgação e introdução das obras árabes na cultura brasileira. Em março de 1967, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro concedeu-lhe o título Cidadão do Estado do Rio de Janeiro, no dia da comemoração do aniversário da Liga dos Estados Árabes. Em 1994, recebeu do Ministro da Marinha, a Medalha Mérito Tamandaré.

Mansour Challita amou a pátria adotada. Naturalizou-se brasileiro e fez do Brasil seu último lar.

SFL

Bibl.: KHATLAB, R. (2014); Correio da Manhã (1967); http://ulcm.org/