Telo de Mascarenhas

MASCARENHAS, Telo de (Mormugão 1899 – Camurlim 1979) foi poeta, ensaísta, tradutor, jornalista, jurista e um freedom fighter, tendo participado ativamente da propaganda para a libertação de Goa do colonialismo português. Foi autor de numerosos ensaios sobre as culturas e literaturas indianas, e de contos e poemas que tomam inspiração desse mesmo património literário. Mascarenhas mudou-se de Goa para Portugal em 1920, estudando Direito na Universidade de Coimbra, onde fundou, com Adeodato Barreto e José Teles, o Instituto Indiano, em 1927, e o jornal Índia Nova, em 1928. Nessa mesma época, Mascarenhas encontra-se ativo também na capital, onde funda o Centro Nacionalista Hindu, em 1927, e as Edições Oriente, em 1935. Durante a sua estadia em Portugal, publica: Cantares de Amor, em 1935; Kailâsha: contos e lendas do Hindustão, em 1937; A Mulher Hindu, em 1943; Râma e Sêtá, em 1946.

Conhecedor da língua bengali, a Telo de Mascarenhas se devem também as primeiras traduções para o português da obra literária de Rabindranath Tagore, na década de 1940. Em 1941, publica a tradução de Ghare Baire [A casa e o mundo] pela Editorial Inquérito, a qual publica uma segunda edição já em 1943. Em 1942 publica a tradução de Noukadubi [O naufrágio] e de Chaturanga [As quatro vozes], sempre pela Inquérito, e em 1943 e 1946 uma compilação de contos de Tagore, com o título A Chave do Enigma e Outros Contos. Para as suas Edições Oriente, em 1943 publicou o livro Rabindranath Tagore e a sua Mensagem Espiritual, e para a Editora Atlante, sempre no mesmo ano, traduziu o memorial de Gandhi História da minha Vida (ou das minhas experiências com a verdade).

Em 1948 volta para Goa e, passados dois anos, exila-se em Bombaim, numa Índia já independente do colonialismo britânico. Aqui funda em 1950, o periódico anticolonialista Rêssurge Goa, publicado até 1958 com o propósito de incentivar o debate político à volta da questão goesa. A partir de uma seleção de artigos do dito jornal, publica em 1952 o livro Algemas e Grilhetas. Em 1959 publica o livro de poemas Goa, Terra Minha Amada: sonetos. Regressado a Portugal, è preso em 1960 e condenado, em 1962, a uma pena de 24 anos, tendo sido amnistiado em 1970, depois de um período de detenção inicial na prisão do Aljube e de dez anos transcorridos na prisão de Caxias. No seu regresso definitivo para a Índia, na década de 1970, funda o Círculo de Amizade Indo-Portuguesa, reativando também o jornal Rêssurge Goa e as Edições Oriente. É em Goa que publica os seus últimos livros de poesia, Poemas de Desespero e Consolação, em 1971, e Ciclo Goês, em 1973. Em 1976 publica a sua autobiografia When the Mango-trees Blossomed e, em 2019, Paul Melo e Castro edita Fragmentos de Sinfonia Goesa de Telo de Mascarenhas, uma obra que recupera a novela incompleta Sinfonia Goesa, escrita por Mascarenhas na prisão do Aljube.

D. S.

Referências bibliográficas

CASTRO, Paul e Melo, ed. (2019), Fragmentos de Sinfonia Goesa de Telo de Mascarenhas, Margao, CinnamonTeal Publishing.

DEVI, Vimala. SEABRA, Manuel de (1971), A Literatura Indo-Portuguesa, Lisboa, Junta das Investigações do Ultramar.

MASCARENHAS, Telo (1976), When the Mango-trees Blossomed: quasi-memoirs, Bombaim, Orient Longman.