Artur Eugénio Lobo d’Ávila (1856-1945) nasceu em Lisboa e iniciou a sua carreira no Comércio, estando aos 19 anos de idade como empregado da Alfândega; contudo, foi essencialmente escritor e jornalista.
No ano de 1874, acompanhou seu pai, General José Maria Lobo de Ávila, nomeado Governador de Macau e posteriormente Ministro Plenipotenciário na China, no Sião e no Japão e, também na companhia de seu tio, Joaquim Tomás Lobo de Ávila, 1.º Conde de Valbom. Foi Secretário Particular de seu pai e também Secretário de Legação na China, no Japão e no Sião.
Regressou a Lisboa em 1877 e voltou ao seu posto na Alfândega. Nessa altura, matriculou-se no Curso Superior de Letras. Sentia uma grande atração pela Literatura e sobretudo pelo Teatro.
Como jornalista iniciou-se na redação de O Comércio de Lisboa, colaborando também nos jornais Diário de Notícias, O Século, Jornal da Colónias, entre outros.
Notabilizou-se pelos livros produzidos, nomeadamente A descoberta e conquista da India pelos portugueses: romance histórico (1898), mas produziu também A verdadeira paixão de Bocage; romance historico sobre a vida do grande poeta (1905). Contudo, os registos de viagens mais interessantes são os produzidos no seu livro de Memórias em que relata ‘interessantes apontamentos da sua viagem à China’.
Como esteve na China em 1874, forneceu um testemunho pessoal do grande tufão que assolou Macau e que lhe deixaria marcas para o resto da vida: “nessa inesquecível noite de pavor, me ficou, para sempre, uma doença do sistema nervoso, que tem sido o flagelo de toda a minha existência” (D’Ávila 1946), aliás, fenómeno também relatado por Gastão Mesnier no Boletim Oficial da província de Macau e de Timor.
Convidado que foi para assistir a uma decapitação, D’Avila declinou o convite com certo repúdio; as execuções eram uma constante em território sínico: “há, quási diariamente, execuções pela mão do carrasco, em um campo chamado matau!” (D’Avila 1945), aliás, testemunhos de vários autores quer nacionais quer estrangeiros.
Visitou ainda o Pagode dos Horrores em Cantão, alegando ser este um território de arrepios onde variadíssimas formas, dos mais requintados suplícios, ali se encontravam reproduzidos, mas onde o visitante podia também admirar a arte plástica chinesa.
ALS
Bibl.: D’Ávila, Artur Lobo 1946. Memórias de Artur Lobo D’Ávila (com interessantes apontamentos da sua viagem à China) (1855-1945), Lisboa