Francisco Maria Bordalo (1821-1861) nasceu em Lisboa e era filho de José Joaquim Bordalo e de sua mulher, D. Madalena Gertrudes Dinis. O seu irmão, o tenente Luís Maria Bordalo, falecido em 29 de Outubro de 1850, foi uma das vítimas da explosão da fragata D. Maria II em Macau. Francisco Bordalo dedicou-lhe postumamente o romance Sansão na vingança. (1854).
Bordalo viajou bastante e esteve em Macau de 1849 a 1852 enquanto militar de carreira, como Oficial de Marinha de Guerra e Secretário do Governo de Macau. Também percorreu muitos outros locais da Ásia, tendo narrado as suas impressões sobre os lugares exóticos – que ele apelidou de extravagantes – e por onde deambulou ou mesmo permaneceu.
Dedicou-se às narrativas marítimas e produziu vasta bibliografia. É também autor de Trinta anos de peregrinação -1821 a 1851 que foi publicado em fascículos no «Boletim de Governo» de 1851. Colaborou ainda, entre outras, na Revista Universal Lisbonense (1841-1853), Revista popular, O Panorama (1837-1868), onde em 1854, publica Quadros marítimos, (vol. III da 3ª série).
Em 1854 publicou Um passeio de sete mil léguas, composto por vinte quatro (24) cartas que dirige ao seu amigo C*** (1852 -1853). Algumas destas cartas vão revelando pormenores casuísticos a nível do procedimento criminal, com muitos juízos de valor acerca do mundo sínico e também algumas informações que foram certamente retiradas de textos que leu.
De realçar a menção que faz à Grande Exposição de Londres de 1851, acontecimento de grande importância para o mundo ocidental, sendo que a Inglaterra quis demonstrar o seu poderio económico – e das suas colónias – especialmente ao país rival, a França, em detrimento da presença e das matérias expostas por outras nações que considerou como ‘menos civilizadas’ – tal o caso da China.
ALS
Bordalo, Francisco Maria, 1854. Um passeio de sete mil léguas – Cartas a um amigo, Lisboa