Filipe Emílio Paiva (1871-1954) foi militar de carreira da Marinha, colocado como efectivo na Estação Naval de Macau em Abril de 1903. Regressou a Portugal em 19 de Maio de 1905, momento em que, por força de uma licença de sessenta dias, regressava a Portugal na canhoneira Diu.
Produziu um diário durante dois anos (1903-1905) – que posteriormente foi oferecido à Sociedade de Geografia de Lisboa pela sua viúva – reunindo, num álbum, fotografias, postais, bilhetes, cartões-de-visita, cardápios, entre outros. Igualmente interessante é o conjunto de cartões-de-visita que foi guardando relativos às personalidades macaenses, sendo que o cartão-de-visita de Eduardo Marques se encontra nesta colecção.
O seu álbum é maioritariamente de âmbito visual contendo uma gravura (aguarela) de sua autoria com a seguinte anotação manuscrita: “Uma execução sat ne ca-tau em Cantão no dia 13-11-1903”. No mesmo álbum, Paiva reúne várias fotografias e postais ilustrados locais com representações de execuções públicas (decapitações). Fez considerações acerca da natureza das prisões e dos suplícios, dos suicídios, assim como da aplicação das sentenças, e da forma como os subornos funcionavam (Paiva 1997).
Terá certamente assistido a alguns procedimentos criminais, produzindo um detalhado relato sobre uma execução a que assistiu.
ALS
Bibl.: Paiva, Filipe Emílio 1997. Um marinheiro em Macau 1903 – álbum de viagem, Museu Marítimo de Macau, Macau (1903 a 1905)