Júlio César de Mello e Souza

MELLO E SOUZA, Júlio César de (1895, Rio de Janeiro – 1974, Recife), matemático, orientalista e escritor.

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Fotografia de Júlio César de Mello e Souza.

Iniciou os estudos no Colégio Militar, na Tijuca (1906), e depois cursou engenharia civil na Escola Politécnica, no Rio de Janeiro, onde se graduou em 1913, mas nunca exerceu a profissão.

Teve uma carreira de brilhante professor de matemática no Colégio D. Pedro II, chegando a catedrático, tanto no D. Pedro II, como também na Escola Normal, posteriormente Instituto de Educação.

Escreveu um total de 51 livros sobre a disciplina,  sendo um crítico severo da didática tradicional dos cursos de matemática da primeira metade do século XX. Notabilizou-se no uso didático da História da Matemática, na defesa de um ensino baseado na resolução de problemas não-mecânicos e na exploração didática das atividades recreativas e no uso de material concreto no ensino da Matemática. Foi ainda pioneiro a explorar a possibilidade do ensino por rádio e televisão, fazendo programas semanais na Rádio Nacional e, mais tarde, na TV Tupi do Rio e Cultura de São Paulo. Era o único professor de matemática que conseguiu ser famoso como um jogador de futebol.

O dia do seu nascimento, 6 de Maio, é no Brasil o Dia da Matemática.

Após a sua morte a sua biblioteca e documentos foram doados pela família ao Museu Malba Tahan, na cidade de Queluz, no Estado de São Paulo.

Procurando lançar-se como escritor, Mello e Souza resolveu criar uma figura exótica e estrangeira,  Malba Tahan , e passar como tradutor dos contos e livros desse. Adoptou, assim,  o pseudónimo de Malba Tahan, encarnando mesmo a personagem que ele próprio criou. Foi autorizado pelo Presidente Getúlio Vargens a incluir oficialmente Malba Tahan no seu nome (1952).

Ao ler os contos das Mil e Uma Noites, ainda menino, havia se apaixonado pela cultura árabe. Partindo desse conhecimento, e melhorando-o com outras leituras e inclusive com um curso de árabe, construiu seu personagem.

Malba Tahan (1885, nas proximidades de Meca – 1921 ?),  do seu nome completo Ali Yazid Izz-Edim Ibn Salim Hank Malba Tahan. Fez estudos em Istanbul e no Cairo, desempenhou funções de kaymakan ou perfeito da cidade de Medina.

Com 27 anos se tornou detentor de grande herança paterna e passou a viajar pelo mundo.  Esteve no Japão, Rússia e Índia. Malba Tahan faleceu em 1921, no auge de um combate pela independência de uma tribo da Arábia.

Notabilizou-se como autor de O Homem que Calculava (1938), um livro de divulgação de matemática que teve bastante impacto entre jovens, tendo sido também divulgado em numerosas traduções, sendo o valor pedagógico desta obra reconhecido internacionalmente.  Recebeu o Prémio da Academia Brasileira de Letras (1972). O escritor Jorge Luiz Borges colocava-o entre os mais notáveis livros da Humanidade. De certo modo, este tema foi continuado ainda em Matemática Divertida e Curiosa.

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Tradução inglesa de 1993

Este livro, bem como um conto seu Lilavati – Aventuras de Matemática inspiraram peças de teatro.

Malba Tahan, foi autor prolífico, tendo escrito outros livros, vários deles no estilo de contos das Mil e Uma Noites, entre eles: Aventuras do Rei Baribê; A Caixa do Futuro; Céu de Alá;  A Sombra do Arco-Íris; Lendas do Céu e da Terra;  Lendas do Deserto;  Lendas do Oásis; Lendas do Povo de Deus; Maktub; Os Melhores Contos; Meu Anel de Sete Pedras; Mil Histórias Sem Fim (2 volumes); Minha Vida Querida; Novas Lendas Orientais; Salim, o Mágico e Acordaram-me de Madrugada.

B.O.

Bibliografia: BOUCHENY, G. (1939); CALHEIROS, M. T. (1991); FARIA, J. C de (2004);  KARAM, J.T. (2005); MELLO e SOUZA, J.B. de (1949); VILLAMEA, L. (1995).